Candidato a deputado federal pelo PSB, o vereador Sérgio Nogueira, de Dourados (MS), gerou protestos nas redes sociais ao chamar a homossexualidade de “anormal” e supostamente sugerir que os homossexuais fossem colocados “em uma ilha”. Pastor evangélico, Nogueira fez um discurso na Câmara Municipal na noite de segunda-feira em repúdio à proposta de incluir na educação infantil conteúdo para combater a homofobia. Segundo nota divulgada pelo próprio vereador, esse tipo de educação “estimula crianças ao comportamento homossexual através de material didático”.
— Não podemos passar a ideia de que o anormal é normal. Bota as pessoas que pensam assim numa ilha por 50 anos. Coloca essas pessoas numa ilha e depois de 50 anos volta para ver: não vai ter mais ninguém — disse ele aos colegas vereadores, segundo uma rádio local.
Ainda segundo a rádio, que acompanhava a sessão dos vereadores, Nogueira sugeriu que crianças deveriam ser adotadas por famílias convencionais.
— Perguntaria para qualquer vereador se, podendo ser adotado, optaria por ser adotado por uma família de homossexuais. Não sou a favor da homofobia. Quero colocar a população para refletir. Isso é contra os nossos princípios — disse o vereador, que ainda teria dito que seria necessário unir forças das igrejas contra a “prática do homossexualismo condenada nas escrituras sagradas”.
O GLOBO tentou falar com o vereador por seu telefone celular, mas duas pessoas diferentes atenderam ao telefonema dizendo que ele não poderia falar por estar ocupado. Sua assessoria de imprensa não negou as declarações, mas disse que elas foram retiradas do contexto. Segundo a assessoria, ao sugerir que os homossexuais fossem colocados em uma ilha, o vereador fazia uso de uma “ilustração”. A assessoria informou que o vereador vai recorrer à Justiça para processar a rádio que divulgou os trechos do discurso.
Em nota oficial, Nogueira, que preside a Comissão de Assistência Social da Câmara, se disse vítima de uma campanha de difamação. Acusou a rádio local de fazer uso político de suas declarações para favorecer seus adversários. “O fato foi isolado de seu contexto e distorcido, com o intuito de prejudicar o vereador”, diz a nota. Disse estar preocupado com o conteúdo do que chamou de “orientação homossexual nas escolas”.
A nota prossegue dizendo que “a ilustração usada pelo vereador jamais sugeriu a segregação dos homossexuais”. “A frase se insere dentro da linha argumentativa de que a orientação homoafetiva não deve ser tomada como medida padrão de sexualidade a ser ensinado na rede de educação infantil. Se, por um lado, admite-se que não deva existir a homofobia, ou seja, a discriminação de pessoas por causa da opção homoafetiva, por outro lado, o Estado deve respeitar a sociedade, sobretudo o segmento religioso cristão, no sentido de não utilizar a rede de ensino para estimular crianças ao comportamento homossexual através de material didático, como se pretendeu fazer com os kits de educação sexual do Ministério de Educação em 2013”.

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